O subdiretor-geral da Direção-Geral da Saúde (DGS), André Peralta Santos, garantiu esta sexta-feira que o risco de propagação da febre hemorrágica Crimeia-Congo (FHCC) é reduzido, apesar da recente deteção do primeiro caso fatal da doença em Portugal. Em declarações à Lusa, o responsável sublinhou que o vírus é transmitido exclusivamente através da picada de carraças infetadas, não havendo risco de transmissão pessoa a pessoa

O caso, que envolveu um cidadão português de mais de 80 anos, residente em Bragança, não deu origem a quaisquer casos associados, conforme confirmou a investigação epidemiológica realizada. Ainda assim, as autoridades reforçaram a vigilância e recolha de carraças, particularmente na região norte do país e nas zonas fronteiriças com Espanha, numa tentativa de identificar possíveis focos de infeção.
André Peralta Santos destacou que, até ao momento, não foram encontradas carraças infetadas em território nacional, sendo este esforço de recolha um passo preventivo para mitigar eventuais riscos futuros. O subdiretor-geral da DGS também frisou a estreita colaboração com as autoridades de saúde espanholas e o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), no sentido de avaliar continuamente o risco associado à doença.
Embora não exista vacina para a FHCC e o tratamento seja orientado pelos sintomas — como febre, náuseas, dores musculares e vómitos —, o responsável notou que apenas 20% dos casos evoluem para quadros graves, enquanto 80% manifestam sintomas ligeiros. Apesar disso, a DGS emitiu um alerta dirigido aos profissionais de saúde, visando aumentar a atenção para a possibilidade deste diagnóstico, especialmente em casos de sintomas persistentes.
A DGS informou ainda que os casos de FHCC têm aumentado nos últimos anos, especialmente no contexto das alterações climáticas, com temperaturas médias mais elevadas no sul da Europa, incluindo Portugal. Desde 2013, Espanha registou 16 casos da doença. Peralta Santos reconheceu que as mudanças climáticas poderão agravar este problema no futuro, alertando para os desafios que os invernos mais amenos trazem à saúde pública, ao promover o ressurgimento de doenças como a FHCC.
A vigilância em Portugal está assegurada pela rede REVIVE, coordenada pelo Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge, e pelo SINAVE, que monitoriza a notificação de doenças humanas. Estes sistemas são cruciais para a rápida deteção e resposta a eventuais novos casos.