Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado esta madrugada em Portugal, que causou susto e confusão em grande parte do país. O tremor ocorreu às 5h11 (hora de Portugal Continental), com epicentro localizado a cerca de 60 quilómetros a oeste de Sines, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O abalo sísmico foi sentido de forma mais intensa na região litoral do distrito de Setúbal e na zona do rio Tejo, abrangendo áreas como Lisboa e Cascais

O comandante Jorge Mendes, em declarações à CNN Portugal, sublinhou que não se registava um sismo com esta intensidade desde 1969. “Existem pequenos sismos ao longo do ano que não são sentidos pela população, mas este foi um dos maiores registados nas últimas décadas”, afirmou Mendes. Nas redes sociais, muitos portugueses partilharam a experiência do momento, manifestando surpresa e apreensão com o ocorrido.
“Portugal teve sorte”
Apesar do susto generalizado, não foram registados danos materiais significativos ou vítimas, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). O geofísico Jorge Miranda, antigo presidente do IPMA, destacou que Portugal teve sorte, pois um sismo desta magnitude mais próximo da costa poderia ter causado danos consideráveis. “Este evento, embora não tenha provocado estragos, será importante para novos estudos sobre a sismicidade na região e poderá revisitar teorias antigas sobre a atividade tectónica nesta área”, acrescentou.
Três réplicas e a resposta das autoridades
Após o sismo principal, a Proteção Civil confirmou a ocorrência de três réplicas, de magnitudes 1,2; 1,1 e 0,9 na escala de Richter. Apesar disso, as autoridades decidiram não ativar os planos especiais de emergência, que só são acionados em eventos sísmicos de magnitude superior a 6,1. “O sismo, embora significativo, não reuniu critérios para a ativação desses planos”, explicou o comandante nacional da Proteção Civil, André Fernandes.
De acordo com Fernandes, o IPMA permanece em fase de monitorização, mantendo um contacto contínuo com o Comando Nacional de Emergência e Proteção Civil para garantir que qualquer nova ocorrência seja prontamente tratada.
Reações institucionais e apelo à calma
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encontra-se, desde as 10h00 desta manhã, uma reunião de emergência em Belém com o Primeiro-Ministro em exercício e o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Esta reunião surge após uma consulta com a Proteção Civil para avaliar a situação. Em declarações à RTP, o Presidente assegurou que a principal preocupação tem sido garantir a rápida disponibilização de informações à população para evitar alarmismos.
A ANEPC, que recebeu um grande volume de chamadas telefónicas de várias regiões do país, desde o Alentejo até Coimbra, relatou que muitas pessoas procuravam entender o que havia acontecido e como deveriam proceder. “Apesar do elevado número de chamadas, não temos registo de feridos ou de danos materiais significativos. Em Sesimbra, foi reportada a possibilidade de fissuras em edifícios, mas estas estão a ser avaliadas”, informou o comandante José Miranda da ANEPC.
As autoridades reforçaram o apelo à calma e aconselharam a população a seguir as recomendações transmitidas pelos canais oficiais. “É essencial que todos se mantenham informados através das fontes corretas e não propaguem informações não verificadas que possam causar pânico desnecessário”, reiterou André Fernandes.
O evento desta madrugada recorda a atividade sísmica a que Portugal está sujeito, especialmente em áreas próximas da falha Açores-Gibraltar. Enquanto as autoridades continuam a monitorizar a situação, a população foi aconselhada a manter a serenidade e a seguir as instruções das entidades competentes.