José Guilherme, empresário e construtor civil de renome, faleceu aos 78 anos na noite de quarta-feira. Reconhecido pela sua ligação ao Benfica e envolvimento num dos episódios mais polémicos do sistema bancário português, o seu nome ficou para sempre associado à transferência de 14 milhões de euros para Ricardo Salgado, ex-líder do Banco Espírito Santo (BES).
Este montante, transferido para uma conta ‘offshore’ na Suíça, foi revelado no âmbito do processo Monte Branco, e marcou o início do declínio de Salgado como figura dominante no BES. A transação, justificada pelo banqueiro como uma “oferta”, levantou suspeitas e foi um dos principais elementos que conduziram à queda do império Espírito Santo.
José Guilherme, um dos grandes devedores do Novobanco, chegou a admitir que, aquando da intervenção do Banco de Portugal no BES em 2014, devia cerca de 121 milhões de euros ao banco, segundo uma auditoria da EY. O impacto deste caso estendeu-se ao Parlamento, onde, em 2015, Salgado se recusou a discutir pormenores da transação, alegando que o caso estava em segredo de Justiça.
O Benfica, clube com o qual o empresário mantinha uma forte ligação, lamentou a sua morte, sublinhando o papel crucial que desempenhou na construção do novo Estádio da Luz e destacando o seu “profundo benfiquismo”. A notícia da sua morte foi recebida com pesar, encerrando o capítulo de uma figura controversa e influente no panorama económico e desportivo do país.