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A Volta que Não Demos: Como o Executivo de Castelo Branco Pedala Rumo ao Absurdo

Ao longo dos últimos três anos, o executivo da Câmara Municipal de Castelo Branco, liderado pelo presidente Leopoldo Rodrigues, tem-nos brindado com uma sucessão de argoladas que fariam corar até o mais desajeitado dos malabaristas. Mas, se até agora as trapalhadas eram apenas motivo de risos contidos, a última investida desta equipa tem ares de tragédia anunciada

No afã de capitalizar com a chegada da prestigiada “La Vuelta” a Castelo Branco, o senhor presidente decidiu promover uma manhã desportiva para crianças entre os 6 e os 10 anos, intitulada “La Vuelta Júnior”. O evento, que terá lugar no dia 19 de agosto, inclui uma prova de ciclismo infantil que começará, pasme-se, às 11h00 da manhã. Sim, às 11h00, precisamente na hora em que o sol de agosto atinge o seu auge, transformando o asfalto numa grelha capaz de tostar sardinhas.

A proposta de colocar crianças a pedalar em pleno pico de calor é uma ideia que desafia qualquer lógica ou preocupação com a saúde e bem-estar dos pequenos participantes. Será que o presidente e os seus assessores desconhecem as recomendações da Direção-Geral da Saúde e do Serviço Nacional de Saúde? Será que ninguém lhes informou que a prática de atividade física em condições extremas de calor pode ter consequências graves, especialmente em crianças? Ou será que o brilho das câmaras de televisão e a euforia de ter a “La Vuelta” a passar pela cidade nublou o seu discernimento?

O mais irónico é que, enquanto o executivo espera um retorno financeiro de 500.000 euros com a prova, os próprios ciclistas da “La Vuelta” não pernoitarão em Castelo Branco, seguindo diretamente para o outro lado da fronteira. Ou seja, o grande investimento que tanto entusiasma o senhor presidente traduz-se, na prática, em muito menos do que o prometido. A chegada de uma etapa da “La Vuelta” a Castelo Branco deveria ser motivo de orgulho e celebração, mas o que vemos é um planeamento atolado em decisões questionáveis, desde o horário absurdo para a prova infantil até à falta de sensatez na escolha de atividades adequadas ao público-alvo.

Esta sequência de decisões desastradas levanta uma questão inquietante: quem realmente dirige os destinos do município? Se é o presidente, os seus conselheiros estão a prestar um péssimo serviço. Se são os assessores, então o presidente precisa urgentemente de repensar a sua equipa. De uma forma ou de outra, a verdade é que Castelo Branco não merece ser alvo de decisões tão desconexas e potencialmente perigosas.

Chegou a hora de parar esta bicicleta desgovernada antes que ela leve a cidade por um caminho sem retorno. Num tempo em que o bom senso parece estar em fuga, resta-nos esperar que, pelo menos, o calor de agosto não derreta também a capacidade de discernimento daqueles que deveriam zelar pelo bem-estar dos nossos filhos e netos e pelo futuro de Castelo Branco.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://old.oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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