Mais uma vez, Leopoldo Rodrigues dá o dito por não dito. Desta vez trata-se da construção da Barragem do Barbaído que, pelos vistos, já não se vai concretizar, e que irá impedir o desenvolvimento do regadio ao sul da Gardunha. O movimento SEMPRE veio esta segunda-feira a público e, em conferência de imprensa, desmentiu e desmistificou, cronologicamente, as ”falsas verdades” do presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco.
O movimento SEMPRE afirmou, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, que, ”muito provavelmente, nem a barragem do Barbaído nem o regadio a sul da Gardunha serão concretizados”. Aliás, as declarações de Leopoldo Rodrigues ao jornal Reconquista, em 22 de agosto, confirmam essa suspeita do SEMPRE que demonstrou que, ”depois de tanta propaganda ao longo deste mandato, o executivo socialista já entra em contradição com ele próprio e, pior que isto, já não acredita na concretização das promessas que faz”.
Segundo o movimento independente, ”três anos de mandato e nada foi concretizado quanto à Barragem do Barbaído. Apenas o uso do medo, dos fantasmas da falta de água, lançados através de uma retórica que demonstra apenas nada ter sido feito”.
Para o movimento, apesar de o presidente da autarquia ”fazer depender dele próprio a construção do regadio, através da concretização da Barragem do Barbaído, pretendemos afirmar que estes não seriam um problema, se este executivo socialista tivesse a capacidade de concretização, deixasse a retórica e passasse à ação”.
Independentemente de Leopoldo Rodrigues afirmar que pretende ”defender os interesses dos albicastrenses” e ter dito ”que, neste caso, os interesses dos albicastrenses seriam defendidos através da construção da Barragem do Barbaído”, um facto é que nada fez, critica o movimento, salientando que, neste momento, Leopoldo Rodrigues ”só tem uma coisa a fazer, é passar à ação e deixar-se de desculpas”.
Do ponto de vista do SEMPRE, ”para além de inoperância, percebe-se que o próprio executivo socialista, não acredita na concretização das suas promessas. Se acreditasse na construção da Barragem do Barbaído, já se deveria estar a trabalhar noutros projetos para se aproveitar os fundos disponíveis”, demonstrando uma total indiferença ”quanto à perda de fundos e à pouca capacidade de os captar”.
Na perspectiva dos responsáveis do movimento, Castelo Branco está a ”ser prejudicado, não só nestes projetos, mas em tudo o resto, por nada acontecer quanto a projetos estruturantes para o desenvolvimento do concelho”. Por isso, lamentam que a única coisa que o executivo autárquico sabe fazer é lançar ”os fantasmas da falta de água”.
Em termos de consulta à população, o executivo socialista demonstra ”total inoperacionalidade, dado que passado todo este tempo, nada, mesmo nada, foi feito para esclarecer os albicastrenses quanto a estes assuntos (projetos). Só se o tivesse feito poderíamos acreditar que verdadeiramente quer ouvir os albicastrenses”.
Se não vejamos duas afirmações constantes ao longo deste mandato por parte do executivo socialista e do seu presidente; ”Vamos fazer a Barragem do Barbaído”, e ”só avançaremos para o regadio se garantida a Barragem do Barbaído”.
As contradições
Se ao longo do mandato, o presidente da Câmara afirmou que a Barragem do Barbaído seria uma realidade, porque é que ainda está a colocar a construção da Barragem do Barbaído e, consequentemente, a do regadio em causa? Na verdade, não se compreende as afirmações do Sr. Presidente no Reconquista no dia 22 de agosto último, interrogam os responsáveis do movimento independente.
O SEMPRE apresentou, no decorrer da conferência de imprensa, ”o mapa” cronológico das afirmações de Leopoldo Rodrigues, aproveitando para sublinhar as incongruências dos discursos e afirmações do autarca.
Vejamos algumas declarações do Presidente ao longo deste mandato
25/11/2021 – Leopoldo Rodrigues garante a construção da Barragem do Barbaído (in Jornal Reconquista)
10/11/2022 – Projeto da Barragem do Barbaído está a ser revisto. “lembramos os anos de seca e a falta de água no concelho”, “o que pretendemos é aumentar a capacidade de armazenamento (com a Barragem do Barbaído) para que a partir daí possamos pôr em equação o desenvolvimento de outros projetos” (in Jornal Reconquista)
2/03/2023 – Barragem do Barbaído avança com ou sem apoio. “Mantemos a mesma posição em relação ao regadio a sul da Gardunha a partir da Barragem de Santa Águeda. O executivo municipal do PS só estará disponível para negociar se tiver a salvaguarda da Barragem do Barbaído” (in Jornal Reconquista)
27/06/2024 – Leopoldo Rodrigues promete apresentar solução para a Barragem em “devido tempo”. “Uma nova barragem do Barbaído tem como objetivo principal assegurar o consumo e deve servir o abastecimento humano e a agricultura”
Perante estas afirmações do presidente, e passado todo este tempo (praticamente 3 anos de mandato), não ”se compreende dizer a mesma coisa ao Jornal Reconquista em 22 de agosto de 2024, nomeadamente ‘só admite equacionar a construção do equipamento necessário para o Regadio Gardunha Sul, depois de garantida a construção da Barragem do Barbaído”. Ou seja, passado todo este tempo, estamos no mesmo ponto que no início do mandato, ou seja, a Barragem do Barbaído não está garantida.
Só se pode concluir, afiança o SEMPRE, a existência de ”uma inoperância total deste executivo quanto a estas matérias, nomeadamente quanto à Barragem do Barbaído e quanto ao regadio. E, neste caso, é o próprio Presidente que diz que o regadio avançará se a Barragem do Barbaído for uma realidade”.
O SEMPRE, ao longo deste mandato, tem questionado sobre estas matérias, sem nada até hoje ter sido respondido, o que demonstra que nada evoluiu ao longo deste mandato, estranhando que, até
hoje, não tenha sido explicado às pessoas qual o valor estimado do investimento na Barragem do Barbaído, qual o orçamento estimado para essa construção, qual a dimensão da barragem, qual a capacidade e quais os objetivos da mesma e também as razões, quanto ao regadio, porque não ainda foram apresentados quaisquer dados?
”Na verdade, não nos parece que se queira ouvir os albicastrenses. Aliás, não se compreende que por um lado se dê garantias de salvaguarda quanto à questão da falta de água com a construção da Barragem do Barbaído e depois ainda se fale na possível falta de água”, conclui em comunicado o movimento independente.