O presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), José Moreira, lançou um alerta crítico sobre a crise que afeta os docentes do ensino superior em Portugal. Em declarações recentes à Lusa, Moreira sublinhou que a classe enfrenta problemas graves resultantes de três fatores principais: a perda do poder de compra, o envelhecimento da classe e o sistema de avaliação injusto.
Durante os últimos 15 anos, os docentes do ensino superior viram o seu poder de compra reduzir-se em mais de 30%, o que tem agravado a sua situação financeira. Além disso, o envelhecimento dos professores, muitos dos quais estão a aproximar-se da reforma, tem colocado uma pressão adicional sobre o sistema educativo.
Moreira destacou que, para além destes problemas, o sistema de progressão salarial também contribui para a crise. “É a única profissão no país onde é necessário ter seis anos seguidos de classificações excelentes para alcançar progressões nos escalões remuneratórios”, afirmou o dirigente. Muitos professores encontram-se estagnados há 20 anos sem qualquer avanço na carreira, o que considera “completamente injusto e obtuso.”
O sindicalista também fez referência às dificuldades crescentes em contratar docentes para áreas altamente procuradas, como engenharias e tecnologias. Estas áreas enfrentam uma concorrência intensa com o setor privado, que oferece salários significativamente mais altos, tornando o ensino superior cada vez menos competitivo.
Moreira apelou a uma intervenção urgente por parte do governo, pedindo um sinal político claro para desbloquear a questão das progressões remuneratórias e melhorar as condições de trabalho para os professores. O presidente do SNESup observou ainda que a falta de oportunidades dentro do país leva muitos diplomados a buscar trabalho no estrangeiro, onde o ensino superior português é bem reconhecido.
A situação atual, segundo Moreira, exige uma resposta imediata para evitar que o ensino superior português enfrente uma crise ainda mais profunda no futuro próximo.