O CDS-PP levantou ontem uma questão ao Governo sobre a utilização da expressão “pessoas que menstruam” em vez de “mulheres” num inquérito promovido pela Direção-Geral da Saúde (DGS). O partido considera que esta escolha de linguagem é “polémica” e “desrespeitosa para as mulheres”.
O questionário online, intitulado “Vamos falar de menstruação?”, visa realizar um diagnóstico sobre a saúde menstrual em Portugal e convida à participação de todas as pessoas que menstruam. A escolha de palavras da DGS, segundo o CDS-PP, representa uma mudança que não só provoca divisão social, mas também ignora a realidade de que apenas mulheres com útero menstruam até determinada fase da vida.
Em um comunicado, o CDS-PP destacou que a escolha da DGS reflete uma ideologia em vez de uma base científica. O partido questiona se campanhas de saúde devem utilizar fórmulas que possam causar polémica desnecessária e dividir a sociedade em torno de temas fraturantes.
O deputado social-democrata Bruno Vitorino já havia expressado preocupações semelhantes, alegando que a mudança na linguagem é motivada por uma perspectiva ideológica. O CDS-PP reforça que esta questão não está coberta pelo acordo de coligação com o PSD, sublinhando que o partido tem o direito de expressar a sua posição sobre valores fundamentais.
Apesar das críticas, uma fonte da direção do CDS-PP assegurou que não há conflito com os parceiros de coligação, mas sim uma afirmação das posições do partido dentro do espaço político do grupo parlamentar. Esta posição foi discutida com os parceiros de coligação e segue as obrigações de lealdade institucional.
Em resposta a uma pergunta similar do Bloco de Esquerda no início do mês, o gabinete da ministra da Juventude, Margarida Balseiro Lopes, explicou que o termo “pessoas que menstruam” inclui não apenas mulheres, mas também pessoas transgénero e não binárias, justificando a utilização de uma linguagem neutra do ponto de vista do género.