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Inácio Ludgero o foto-jornalista que “escoltou” Salgueiro Maia no regresso a casa

Há 50 anos, no dia 27 de Abril, Santarém recebeu, em apoteose, a coluna militar de Salgueiro Maia que, após o golpe de 25 de Abril de 1974, em Lisboa, regressou ao quartel da escola prática de Cavalaria. O jornalista e escritor Fernando Assis Pacheco e o foto-jornalista Inácio Ludgero “escoltaram” o regresso a casa de Salgueiro Maio. É esse regresso que Inácio Ludgero documenta na exposição “Imagens Guardadas da Liberdade Conquistada” que está patente até 31 de Maio no espaço Alfragide, na Amadora

Inácio Ludgero o foto-jornalista que “escoltou” Salgueiro Maia no regresso a casa
Salgueiro Maia chega a casa em Santarém – a revolução estava feita

“E, DE REPENTE… os portugueses acordaram livres!”. Este poderia ser o título da exposição de Inácio Ludgero sobre o regresso a casa, em Santarém, de Salgueiro Maia, que, dois dias antes, tinha comandado a coluna militar que, partindo da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, ocupou o Terreiro do Paço e cercou o Quartel do Carmo, em Lisboa, culminando na rendição de Marcello Caetano e na queda do Estado Novo.

Mas Inácio Ludgero, um dos foto-jornalistas de Abril, decidiu intitular a sua exposição, patente no espaço Alfragide, na Amadora, “Imagens Guardadas da Liberdade Conquistada”, accionando a lembrança, aliada  à beleza que a vida filtrada por uma câmara consegue lograr.

Inácio Ludgero o foto-jornalista que “escoltou” Salgueiro Maia no regresso a casa
As mães de Abril

Inácio Ludgero e o seu modo de captação do real que luta contra a efemeridade, apresenta, nos 50 anos de Abril, uma magnífica selecção de fotos dos dias imediatos ao  25 de abril de 1974 e o regresso a casa dos heróis. Os “bonecos” apresentados nesta exposição constituem um acervo que vem ao encontro da nossa memória colectiva mais viva, produzindo uma sensação de vizinhança com o percurso da História testemunhada, ao ilustrar o tempo que passa e ao mesmo tempo a intensidade da vida que em nós perdura.

Com 74 anos e 52 anos de carreira como fotojornalista, Inácio Ludgero foi condecorado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem de Mérito, como um dos mestres da fotografia portuguesa.

O também Grão-mestre do Grande Oriente Ibérico, começou a trabalhar no dia 1 de junho de 1972. Com 52 anos de carreira na imprensa e 36 na maçonaria e um iberista convicto, Inácio foi um dos nomes que se opôs a obrigatoriedade dos maçons com cargos públicos apresentaram a sua filiação ideológica.

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Fez parte dos quadros do jornal A Capital, da revista Visão, Sociedade Portuguesa de Autores e atualmente trabalha como freelancer. Sempre com bastante paixão em tudo o que faz, as suas fotografias fizeram parte de inúmeras exposições e álbuns (exemplo disso é Lisboa, Capital do Coração). Em 1999, na província do Huambo, através da sua lente captou a Pietá Negra. Esta foto foi considerada uma das cinquenta melhores, pela Associated Press, do século XX. Do 25 de Abril a Timor, a lente de Ludgero testemunhou a história

Oriundo da Amadora, onde nasceu em 1950, mas com raízes no Alentejo, Inácio Ludgero considera-se um cidadão do mundo e tem como máxima profissional que “uma imagem conta tudo, não esconde a verdade”. Para ele não basta apenas estar onde a história acontece, mas deve-se contar histórias. E, é isso mesmo, que ele faz ao contar a história do regresso de Salgueiro Maia a casa e à vida anónima de um capitão que conseguiu vencer uma ditadura de 48 anos.

Inácio Ludgero e o saudoso Fernando Assis Pacheco “escoltaram o regresso” do capitão de Abril, que falava alto, que cantava desafinado, que não se encolhia, que foi maltratado depois de protagonizar História, que enganou enquanto pôde o que a tristeza lhe tirou na infância e na morte – o direito a ter o que é devido.

Salgueiro Maia, um herói português, esquecido pelos poderes políticos e militares. É a história em fotografia de um homem que recusou, ao longo dos anos, ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de Santarém e pertencer à casa Militar da Presidência da República, que Inácio retrata de um  “forma” que só ele sabe contar.

Outra coisa não se poderia esperar de Inácio Ludgero, um defensor dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade que, tão bem, eram “encarnados” pelo capitão de Abril e que podem ser encontrados no interior de cada um de nós.

E, como defende, “não é possível esquecer o passado para ser possível construir o presente e o futuro. Sem memórias, sem recordações, não existe liberdade”.

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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